quarta-feira, 20 de agosto de 2008

Qual será o futuro das pranchas? part 1


TOM CURREN rasgando com sua linha de surf inconfundível, essa manobra é um privilégio para poucos, muitos surfistas jamais chegaram perto de fazer uma curva dessas, isso tudo graças a sua genialidade somados a um grande equipamento, então vamos começar bem do começo...

O surf é um esporte relativamente novo, pelo menos comparado com o futebol, natação, ou artes marciais, por exemplo, por isso não podemos exigir muito da evolução da prancha de surf, mas pelo menos podemos tentar imaginar aonde ela pode chegar ou aonde está nesse momento.
Acredita-se que o primeiro relato do surf seja da Polinésia, através do rei Tahito, mas somente em 1778, quando o navegador inglês James Cook chegou às Ilhas havaianas é que realmente o surf foi descoberto. Cook descreveu em seu livro o que viu, homens deslizando sobre as ondas em enormes pranchas de madeira, que mais pareciam portas.
Em 1912 Duke Kahanamoku, havaiano campeão olímpico de natação, introduziu o surf ao mundo em suas viagens para divulgar a cultura do povo Havaiano, fazendo o esporte ganhar notoriedade, e começar a ser praticado em outros lugares. Ainda existem algumas dúvidas sobre o início do surf, há teorias que teria surgido nas águas Peruanas com o Cabalito de Totora, por sinal eu mesmo fui checar de perto e tentei pegar algumas ondinhas e realmente é muito difícil ficar de pé naquele troço que mais parece um caiaque aberto, mas aí estão os dois registros da prancha de surf ainda em seu primórdio, a Prancha dos reis Havaianos e Polinésios e as pranchas dos Peruanos, os Cabalito de Totora,
Depois desses primeiros registros já sabemos que tudo começou com um simples pedaço de madeira, ou uma porta com forma um pouco mais arredondada na ponta, que seria o bico da prancha, mas vários anos se passaram até algumas mudanças mais significativas acontecerem quanto ao shape das pranchas.

Gerry Lopez e sua Semi gun em Pipeline

Em 1960 as pranchas eram chamadas de Guns e semi-guns, extraordinárias para surfar ondas grandes, principalmente em águas Havaianas, essas pranchas também ganharam notoriedade nos pés do lendário Gerry Lopez, que surfava a onda matadora e pouco explorada de Pipeline com a sua semi gun monoquilha. Até meados dos anos 70 nada muito diferente surgiu em termos de moldes ou formatos diferentes.

Mark Richards com suas Biquilhas, a prancha sensação do final dos anos 70.

Em 1976 veio a revolução maior até aquele momento, apareceu a prancha shortboard, ou prancha mini model, uma versão menor das semi-guns, daí em diante muita coisa mudou, Mark Richards introduziu ao mundo a biquilha, e com ela foi tetra campeão mundial, nessa mesma época apareceram as quatro quilhas, que no Brasil foram muito divulgadas por Ricardo Bocão.O salto maior ainda foi no início dos anos 80, mais exatamente em 1981 quando Simon Andersen criou a tri fin, ele apareceu em um campeonato em Bells Beach em ondas de 10 pés fazendo uma linha de surf jamais vista antes, a prancha de 3 quilhas entra para a história e é usada até hoje.


Simon Andersen, o criador da Tri Quilha, pai da maior invenção criada até hoje em prol da evolução das pranchas, fazendo um teste drive em Pipeline com sua Truster ( nome de batismo da tri quilha)

Outro fato que vale a pena ressaltar aconteceu por volta entre 84 e 85, quando o shaper americano Al Merrick desenvolveu uma mini model diferenciada com seu atleta de testes Davey Smith, naquela época um pioneiro das manobras esquisitas. Davey queria acertar o lip e voar, então com as pranchas que Al fazia, foi o primeiro surfista a ter um aéreo registrado na revista Surfing, no mesmo ano, Al recrutou Tom Curren para seu time, com isso lapidou seus shapes através de Tom, que testava suas pranchas nas longas direitas de Rincon. Tom apareceu com uma abordagem diferente para aquela época, mais rápido e com curvas mais longas trocando de borda e direção com muito mais facilidade, o resultado era um ataque perfeito para aquela época. Tom e Al fizeram a maior revolução no esporte quando o assunto é pranchas de surf funcionais que marcaram época e o jeito de surfar, depois disso o surf ganhou muito espaço, no Brasil já existiam as marcas tentando fazer o melhor que podiam, mas o comando mesmo sempre surgia da gringa, Desde esse feito de Al Merrick, o design de prancha nos Estados Unidos continuou forte, nos anos 90 apareceram algumas mudanças como as pranchas estreitas que ditaram a grande mudança do surf clássico de borda para o surf moderno e com ataque aéreo, essa mudança foi comprovada pelos filmes de surf do Taylor Steele, foi o surgimento da era Slater e companhia. Slater apareceu com pranchas com 17,5 de largura , enquanto a velha guarda estava usando de 18,5 a 19 de meio, então essa foi uma das maiores mudanças no formato da prancha de surf recentemente. Daí em diante pouca coisa mudou em relação a design ou material que envolvesse a evolução da prancha diretamente, mas agora, no início do século 21, está aparecendo um bocado de matérias primas que te deixarão de boca aberta e levarão alguns anos até você entender o que está acontecendo.
Slater apareceu com uma nova abordagem nos anos 90, liderando a era moderna que se arrasta a quase vinte anos com essa nova concepção que ele mesmo criou com ajuda de seu shaper Al Merrick.

terça-feira, 19 de agosto de 2008

Qual será o futuro das pranchas?


Com a queda da Clark Foam, teve início a maior mudança na fabricação de pranchas de surf da atualidade, com a utilização de novos materiais, especialmente no ano de 2007, considerado o maior ano para as pranchas de surf depois da revolução da pranchinha em 1969( de acordo com revista Surfing Magazine). Isso porque no ano de 2007 começaram a aparecer pranchas feitas de novos materiais, como epoxy, isopor de alta densidade resistente a água, resina de epoxy e fibra de carbono, entre outros, nas mãos de pros e nas revistas especializadas.


Pranchas Solomon
A marca Salomon desenvolveu uma prancha que flutua 30 % mais e dura de 60 a 70 % mais que a prancha tradicional de poliuretano e resina de poliéster, seu miolo tem como se fossem três longarinas de polipropileno e o resto fica “oco”, revestidos por fibra de carbono, uma camada de isopor hidrorrepelente e resina de epoxy para o acabamento. A fabricação é feita na Tailândia e o preço estimado é de 700 dólares. Kieran Perrow é um dos surfistas que testou e aprovou o desempenho dessas pranchas.
Outro grande fabricante apostando nos novos materiais é a Surftech, que desenvolveu a linha Tuflite, confeccionada com um bloco de epoxy mais denso e resistente a água, laminação com resina de epoxy interna, uma camada de isopor de alta densidade chamado Acrylite e por fim laminação com resina de epoxy. Nathan Fletcher tem usado com freqüência uma Tuflite quadriquilha em Pipeline. Isso mesmo, não estamos mais nos anos 80, mas as quadriquilhas voltaram e estão sendo usadas por tops do mundo todo. A fabricação também é feita na Tailândia e o preço varia entre 600 e 800 dólares, dependendo do modelo.
Nathan com sua Epoxy 4 quilhas em Pipeline monstruoso.


A Firewire, desenvolvida por Bert Burger, de Western Austrália, está sendo um sucesso geral no mundo todo, primeiro por ter aparecido nos pés de Taj Burrow, e segundo pela durabilidade e leveza da prancha, as pessoas que a testaram garantem um bom desempenho nas ondas, seja pela maior flutuação, pela maior velocidade, pela flexibilidade e capacidade que a prancha tem de realizar turns. A prancha é considerada “FLEX” porque tem longarinas de madeira balsa em ambas as bordas. Sabe aquela prancha meio mole, que mais parece que você está encima de um madeirite fino, ou aquela sensação que vai quebrar mas nunca quebra? Isso é o truque da FireWire: flexibilidade, pois quando a prancha fica velha ela perde a flexibilidade e já era, ela muda o seu jeito de andar sobre a água, mudando de um prancha boa para uma prancha ruim que não responde aos comandos imediatos, tudo isso por causa do fim da flexibilidade natural da resina, dizem por aí que uma vez encima e acostumado com essa prancha Firewire, é quase impossível de voltar a surfar com uma prancha convencional. Outro lance dessas novas matérias primas é que a durabilidade vai ser muito maior e a prancha lhe permitirá remar melhor, uma prancha para quem está um pouco sem remada ou fora de forma.
Sendo confeccionadas na Tailândia para ter um preço melhor e saírem de lá em grande quantidade e números de série, o intuito disso é espalhar a tecnologia em todos os lugares e países possíveis.

Taj Burrow cravando a Boarda da sua FireWire ( a prancha sem longarina )
No Brasil o epoxy está bem representado pelo Kit Karrana que consegue suprir o mercado sem maiores problemas, já que a fusão isopor/epoxy ainda é pouco usada em nosso país, mas aos poucos creio que isso mudará, principalmente porque a prancha de epoxy quando bem executada dura mais que as pranchas convencionais de Poliuretano/poliéster.

XANADU Tuflite modelo Matt Rockeford

O brasileiro radicado na Califórnia Xanadú está introduzindo no Brasil a Tuflite, modelo do californiano Matt Rockeford, eu testei a prancha e não acreditei o quanto ela flutua e corre, fora a tecnologia da matéria prima ainda tem a parte funcional que está muito evoluída. Com o ressurgimento das biquilhas e quadriquilhas reformuladas, você pode surfar com essas pranchas em ondas mínimas sem maiores esforços, fazendo uma diferença muito grande das triquilhas que dominam o mercado do mundo todo.

Grandes surfistas como Rob Machado, Tom Curren, Donavon Frankenheiter, Nathan Fletcher, David Rasta entre outros se propõem a gastar tempo no aperfeiçoamento das chamadas pranchas do futuro, os resultados estão sendo surpreendentes.
A consagração de deslizar sobres as ondas não tem preço, na real isso não tem comparação com nada nesse mundo, por isso a evolução das pranchas de surf é um detalhe que fará toda a diferença para quem quer alta performance ou para evolução direta do esporte.


Até que ponto isso deve evoluir e quando isso se tornará realidade pra nós?? Ou será que sempre seremos a ultima nação envolvida no surf a ver essa evolução de perto mesmo, de perto eu digo provar, testar, ou isso ficará só pra eles do primeiro mundo mesmo?????
Seria muito bom ver nossos surfistas de ponta usando esses novos materiais.